MÉTODOS GEOELÉTRICOS APLICADOS AO DIAGNÓSTICO AMBIENTAL SUBSUPERFICIAL DO CEMITÉRIO MUNICIPAL DE RIO CLARO, SP

Publicado
2015-06-09

    Autores

  • Fernanda VIEIRA XAVIER UNESP/IGCE

Resumo

Necrochorume é um efluente gerado a partir da decomposição de corpos. Em áreas de cemitério, a principal causa de poluição subsuperficial é a sua percolação, que altera significativamente o solo impedindo-o de realizar suas funções naturais. Particularmente no Brasil, pela falta de planejamento consequente do histórico cultural, os cemitérios se localizam totalmente integrados à malha urbana, representando um problema de saúde pública. O necrochorume pode causar contaminação dos solos e águas subterrâneas, devido à presença de elementos, tais como compostos nitrogenados, metais pesados, vírus e bactérias, com riscos inerentes à saúde humana. Na bibliografia, essa presença de contaminantes no ambiente geológico muitas vezes resultou em baixos valores de resistividade quando comparados a uma área que não impactada. A presente pesquisa objetivou investigar qualitativamente o meio físico subsuperficial do cemitério, para reconhecer eventuais alterações, correlacionáveis às presenças de contaminantes (necrochorume), através da inter-relação entre as respostas geofísicas e os resultados analíticos dos poços de monitoramento e assim, subsidiar pressupostos indicativos de anomalias geofísicas no cemitério municipal de Rio Claro, São Paulo. Portanto, o presente trabalho apresenta e discute os resultados de aplicação de Imageamento Eletromagnético (usando Geonics EM34) e método de resistividade elétrica, utilizando as técnicas de Sondagem Elétrica Vertical, (Schlumberger) e Imageamento Elétrico 2D/dipolo – dipolo e Gradiente. Foram definidos dois estratos geoelétricos principais, referentes à geologia local – Formação Rio Claro e Formação Corumbataí e os resultados dos ensaios permitiram a definição de três classes principais de faixas de resistividades que deram margem às interpretações sobre possíveis áreas contaminadas. São elas: baixos valores de resistividade como áreas potencialmente impactadas; valores intermediários de resistividade, como áreas de transição, com possível influência do contaminante; e altos valores de resistividade, como áreas sem alterações físicas no meio, representados pelas condições geológicas naturais. Tais interpretações foram discutidas e relacionadas juntamente com os resultados de condutividade aparente e com os resultados analíticos de solos e água. A definição do sentido de fluxo das águas subterrâneas através das SEVs demonstrou a migração de água subterrânea concomitante com o possível contaminante (necrochorume), no sentido NE - SW. Os resultados geofísicos mostraram boa correlação com a evolução espacial e temporal da ocupação do cemitério ao longo de sua história, uma vez que os altos valores de resistividades foram associados às regiões de ocupação mais recentes no cemitério, e os baixos valores, associados às regiões ocupadas inicialmente, datadas da construção do cemitério, no século XIX, portanto, mais antigas.

Como Citar
VIEIRA XAVIER, F. (2015). MÉTODOS GEOELÉTRICOS APLICADOS AO DIAGNÓSTICO AMBIENTAL SUBSUPERFICIAL DO CEMITÉRIO MUNICIPAL DE RIO CLARO, SP. Águas Subterrâneas, 29(1). Recuperado de https://aguassubterraneas.abas.org/asubterraneas/article/view/28457