OBSERVAÇÃO DE EFEITOS DE DENSIDADE NA SOLUÇÃO OXIDANTE DE PERSULFATO DE SÓDIO EM AQUÍFERO INTERGRANULAR E AQUÍFERO FRATURADO CONTAMINADO POR ETENOS CLORADOS
Abstract
As aplicações de persulfato de sódio no uso da tecnologia de remedição por oxidação química
in situ vêm proporcionando resultados satisfatórios no que tange à degradação de etenos clorados
presentes em aquíferos. Segundo Mackay et. al. (1993[1]), estes compostos, com exceção do
cloreto de vinila, são classificados como Dense Non Aqueous Phase Liquids (DNAPL), compostos
líquidos imiscíveis mais densos do que a água, e frequentemente são encontrados em grandes
profundidades nos aquíferos.
A degradação por oxidação dos etenos clorados ocorre pelo rompimento da ligação entre o
carbono e o cloro (decloração redutiva). Teoricamente, a degradação iniciada pelo composto PCE,
ocasiona a formação do contaminante TCE. Do composto TCE originam-se os contaminantes
isômeros do DCE (cis-1,2-DCE, trans-1,2-DCE ou 1,1-DCE) e destes para o CV (USEPA,
1998[2]).
O persulfato é um dos oxidantes mais poderosos disponíveis para uso em remediação. O
potencial de oxirredução para a reação do ânion persulfato é de 2,01V (HOUSE,1962[3]). O
persulfato (S2O8
2-) ativado por substância alcalina, como hidróxido de sódio (NaOH), pode
aumentar ainda mais o potencial de oxidação. De acordo com o Institut flür Arbeitsschutz der
Deutschen Gesetzlichen Unfallversicherung (IFA, 2007[4]), a densidade do hidróxido de sódio
(soda cáustica) é de 2,13 g/cm3.
Segundo IFA (2008[5]), em temperatura de 20°C, a densidade do persulfato de sódio é
equivalente a 1,20 g/cm3. Neste contexto, Block (2006[6]), na solução oxidante com concentração
de 20% em peso de persulfato de sódio apresenta densidade 1,066 g/cm3. Este valor de densidade
pode ainda ser muito maior, uma vez que a solubilidade do persulfato a 25ºC é de 42% em peso.
Portanto taxas de aplicação a concentrações ainda maiores, teremos densidades mais elevadas.
Ao ser aplicado em zonas consideradas fonte de contaminação, isto é, zonas onde encontra-se
fase residual de produto retida nos poros quer da zona saturada quanto da zona não saturada, o
persulfato deve percorrer a zona da fonte e reagir com o produto, degradando-o. Este processo é constantemente utilizado em projetos considerando-se fluxo horizontal do composto aplicado,quando na zona saturada. Por apresentar densidade significativamente maior do que a da águasubterrânea, principalmente se aplicado em concentrações elevadas, espera-se uma componente vertical significativa no seu movimento.
Estas considerações foram observadas em campo e são apresentadas neste trabalho, onde expusemos os resultados de um estudo de caso em uma área contaminada por etenos clorados, localizada no bairro Jurubatuba na cidade de São Paulo/SP (HIDROPLAN, 2012[7]), objetivando corroborar esses conceitos.