Estimando a Potencialidade Hidrogeológica da Bacia Cárstica do Rio Vieira, Região Hidrográfica do Verde Grande, MG

Publicado
2022-10-13

    Autores

  • Rafaela Assunção Gurita Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Ouro Preto, MG.
  • Paulo Henrique Ferreira Galvão Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte, MG. https://orcid.org/0000-0001-7183-0368
  • Maria Antonieta Alcântara Mourão Serviço Geológico do Brasil - CPRM
  • Pedro Henrique da Silva Assunção Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte, MG https://orcid.org/0000-0001-9477-3247

Resumo

Na bacia do rio Vieira, norte de Minas Gerais, onde há o predomínio de três domínios hidrogeológicos (granular, fissural e cárstico-fissural), questões sobre ineficiência da gestão dos recursos hídricos, aliadas ao clima semiárido e escassez de estudos locais, agravam as condições de disponibilidade hídrica, principalmente na estiagem. O objetivo deste artigo foi aplicar e adaptar um método de delimitação de potencial hidrogeológico em uma região cárstica, associando dados geológicos e morfoestruturais com testes de bombeamento de poços profundos (capacidade específica, Q/s, e transmissividade, T), bem como geofísica e sensoriamento remoto. O método foi validado com a calibração dos pesos de mapas temáticos com valores de T e Q/s, indicando que as regiões potencialmente mais produtivas estão relacionadas a quatro fatores: 1) densidade de lineamentos (morfoestruturais e geofísicos) e de feições cársticas, nas direções principais NE-SW e NNE-SSW; 2) tipos de sistemas aquíferos locais (granular, fissural e cárstico-fissural); 3) baixas declividades e proximidades com drenagens; e 4) recarga. Em toda a área, é notável a distribuição espacial de poços com alta variabilidade de produtividade (Q/s variando de 0,01 a 60 m³/h/m e T variando de 10-5 a 10-3 m2/h), o que indica que o aquífero cárstico na região é anisotrópico e heterogêneo.  

Referências

AFONSO, P. C. S. Os conflitos do/no hidroterritório norte-mineiro. Sociedade e Território, v. 27, p. 229-250, 2015.

ANDREO, B.; VÍAS, J. M.; MEJÍAS, M.; BALLESTEROS, B. J.; MARÍN, A. I. Estimación de la recarga mediante el método APLIS en el acuífero jurásico de El Maestrazgo (Castellón, NE España). Los acuíferos costeros: retos y soluciones. Publicaciones del Instituto Geológico y Minero de España. Serie Hidrogeología y aguas subterraneas, n. 23, p. 893-902, 2007.

ALKMIM, F. F.; MARTINS-NETO, M. A. A. A bacia intracratônica do São Francisco: Arcabouço estrutural e cenários evolutivos. In: Pinto, C.P. & Martins-Neto, M.A. Bacia do São Francis-co: Geologia e Recursos Naturais – SBG/MG, Belo Horizonte, v.1, p. 9-30, 2001.

ALVARENGA, C. J. S. Geologia e prospecção geoquímica dos grupos Bambuí e Paranoá na Serra de São Do-mingos, MG. Dissertação (Mestrado) – Universidade de Brasília, Brasília, 1978.

AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS – ANA. Relatório do Diag-nóstico da Bacia Hidrográfica do Rio Verde Grande. ECOPLAN Engenharia, Brasília, p. 11-33, 2009.

AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS – ANA. Atlas Brasil: abaste-cimento público. 2010. Disponível em: http://portal1.snirh.gov.br/arquivos/atlasrh2013/4-III-TEXTO.pdf.

Acesso em: 11 nov. 2019.

AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS. Hidrogeologia dos ambi-entes cársticos da Bacia do São Francisco para a gestão de recursos hídricos. Relatório Final – Volume IV – Gestão Integrada de Recursos Hídricos / Tomo 1 – Balanço Hídrico / Agência Nacional de Águas; Elaboração e Execução: Consórcio TPF - Techne. - Brasília: ANA, 2018. 204p.

AYER, J. E. B.; GAROFALO, D. F. T.; PEREIRA, S. Y. Uso de geo-tecnologias na avaliação da favorabilidade hidrogeológica em aquíferos fraturados. Águas Subterrâneas, v. 31, n. 3, p. 154-167, 2017. https://doi.org/10.14295/ras.v31i3.28773

BORGES, L. Qualidade da água do Rio Vieira sob a influência da área urbana de Montes Claros MG. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil), Universidade Federal de Uberlândia., Uberlândia, 2007. 104 p.

BRANDÃO, S. S. S; SILVA, W. T. Configuração do espaço urbano da cidade de Montes Claros-MG após 1970: novas centralida-des. Revista Humanidades, v. 5, n. 2. 12 p, 2016.

BUI, E. N.; MERMUR, A. R.; SANTOS, M.C.D. Microscopic and Ultramicroscopic Porosity of an Oxisol as Determined by Image Analysis and Water Retention. Soil Science Society of America Journal, v. 53, n. 3, p. 661-665, 1989. https://doi.org/10.2136/sssaj1989.03615995005300030002x

CENTRO NACIONAL DE PESQUISA E CONSERVAÇÃO DE CA-VERNAS – CECAV. Cadastro Nacional de Informações Espeleológicas (CANIE). 2021. Disponível em: https://www.icmbio.gov.br/cecav/canie.html. Acesso em: 11 nov. 2021.

CPRM – IGAM Projeto Águas do Norte De Minas – PANM. Es-tudo da disponibilidade hídrica subterrânea do nor-te de Minas Gerais. Relatório de Integração. Belo Horizon-te, 2019.

DA CUNHA BARRETO, Ana Beatriz; MONSORES, André Luiz Mussel; PIMENTEL, Jorge. Modelo de favorabilidade hidrogeo-lógica em aquíferos fissurais-a utilização de técnicas de geo-processamento no cristalino do Estado do Rio de Janeiro. Águas Subterrâneas, 2001.

DARDENNE, M. A. Síntese sobre a estratigrafia do Grupo Bam-buí no Brasil Central. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE GEO-LOGIA, 30, SOCIEDADE BRASILEIRA DE GEOLOGIA (SBG). [Anais...]. Recife, v. 2, p.507-610, 1978.

DE BRITO, T.P. et al. Favorabilidade hidrogeológica do comple-xo bação, quadrilátero ferrífero-MG. Águas Subterrâneas, 2018.

DINIZ, J. A. O.; MONTEIRO, A. B.; SILVA, R.C.; DE PAULA, T. L. F. Manual de Cartografia Hidrogeológica. CPRM, 2014. 219 p.

FEITOSA, F. A. C.; MANOEL FILHO, J.; FEITOSA, E. C.; DEMÉ-TRIO, J. G. A. Hidrogeologia: conceitos e aplicações. 3. ed. Rio de Janeiro: Serviço Geológico do Brasil - CPRM. v.1, 2008. 812 p.

GALVÃO, P., HALIHAN, T., HIRATA, R. Evaluating karst geotech-nical risk in the urbanized area of Sete Lagoas, Minas Gerais, Brazil. Hydrogeol. J. 2015. http://dx.doi.org/10.1007/s10040-015-1266-x.

GOLDSCHEIDER, N.; DREW, D. Methods in Karst Hydrogeolo-gy. Taylor & Francis. International Contributions to Hydrogeology, 2007. 264p.

INSTITUTO MINEIRO DE GESTÃO DAS ÁGUAS - IGAM. Base hidrográfica ottocodificada de Minas Gerais. Belo Horizonte, 72p, 2012. Disponível em: http://www.igam.mg.gov.br/index.php?option=com_content&task=view&id=90&Itemid=147.

Acesso em: 10 de out. 2021.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Caracterização climática nacional, 2002. Disponível em https://www.ibge.gov.br/geociencias/informacoes-ambientais/climatologia/15817-clima.html?=&t=o-que-e. Acesso em: 13 jun. 2019.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Informações do município de Montes Claros, Minas Gerais, 2022. Disponível em https://cidades.ibge.gov.br/brasil/mg/montes-claros/panorama. Acesso em: 08 ago. 2022.

KEAREY P.; BROOKS, M.; HILL I. An Introduction to Geo-physical Exploration: Blackwell Publishing, 2002. 249 p.

KUCHENBECKER, M; BATISTA, G. A. P.; PEREIRA, A. S.; PACHE-CO, F. E. R. C.; MAGALHÃES, M. G.; COSTA, R. D. Folha Brasí-lia de Minas SE.23-X-A-II. Escala 1:100.000. Minas Gerais, Belo Horizonte: UFMG; CPRM. Projeto Norte de Minas, 2014. 35 p.

LEITE, M. E.; PEREIRA, A. M. Metamorfose do espaço in-traurbano de Montes Claros/MG. Montes Claros: Uni-montes, 2008. 209 p.

LIMA, Luana Alves de et al. Favorabilidade de Aquíferos Fratu-rados-Bacia Hidrográfica do Rio São Domingos-Estado do Rio de Janeiro. Anuario de Instituto de Geociencias, v. 32, n. 2, p. 51, 2009. https://doi.org/10.11137/2009_2_51-61

MAGNABOSCO, R.; GALVÃO, P.; CARVALHO, A. M. An approach to map karst groundwater potentiality in an urban area, Sete Lagoas, Brazil. Hydrological Sciences Journal, v. 65, n. 14, p. 2482-2498, 2020. https://doi.org/10.1080/02626667.2020.1802031

MOURÃO, M. A. A.; CRUZ, W. B.; GONÇALVES, R. L. F. Caracteri-zação hidrogeológica da porção mineira da Bacia Hidrográfica do São Francisco. In: BACIA DO SÃO FRANCISCO: GEOLOGIA E RECURSOS NATURAIS. [Anais...]. Belo Horizonte, SBG-MG, p. 327-350, 2001.

NIEDZIELSKI ANDREA, F. A. Análise da favorabilidade hidrogeológica do aquífero multicamada Taubaté na região sudoeste da Bacia Homônima (Analysis of groundwater potentiality of the Taubaté multilayer aquifer in the Southwest Region of the homonymous basin). Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Rio de Janeiro, COP-PE/Civil Engineering Program, Rio de Janeiro, 2013.

PARDO-IGÚZQUIZA, E.; DURÁN, J. J.; DOWD, P. A. Automatic detection and delineation of karst terrain depressions and its application in geomorphological mapping and morphometric analys. Acta Carsologica, 42/1, 17–24, Postojna, 2013. https://doi.org/10.3986/ac.v42i1.637

QUEIROZ, G. L.; SALAMUNI, E.; NASCIMENTO, E. R. Azimu-thFinder: ferramenta para a extração de dados e apoio na análise estrutural. Geologia USP. Série Científica, v. 14, n. 1, p. 69-80, 2014. https://doi.org/10.5327/Z1519-874X201400010005

REIS, H. L. S; ALKMIM, F. F; FONSECA, R. C. S; NASCIMENTO, T. C.; SUSS, J. F.; PREVEATTI, L. D. The São Francisco Basin. In: HEILBRON, M.; CORDANI, U.; ALKMIM, F. (eds). São Francisco Craton, Eastern Brazil. Regional Geology Reviews, p. 117-143, 2017. https://doi.org/10.1007/978-3-319-01715-0_7

RIBEIRO, C. G.; MEIRELES, C. G.; LOPES, N. H. B.; ARCOS, R. E. Levantamento geológico estrutural aplicado aos fluxos dos aquíferos cárstico-fissurais da região da APA Carste de Lagoa Santa, Minas Gerais. Trabalho de Conclusão de Curso, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2016.

SCHÖLL, W. U. Sedimentologia e geoquímica do Grupo Bambuí na parte sudeste da Bacia do São Francisco. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA, 29., 1976. v. 2, Ouro Preto, 1976. [Anais...]. Ouro Preto: Sociedade Brasileira de Geologia, p. 207-231, 1976.

SUPERINTENDÊNCIA DE DESENVOLVIMENTO DO NORDESTE - SUDENE. Polígono das secas, 1989. Disponível em http://www.sudene.gov.br/site/extra.php?idioma=&cod=111#. Acesso em: Abril 2019.

Como Citar
Gurita, R. A. ., Galvão, P. H. F., Mourão, M. A. A. ., & Assunção, P. H. da S. . (2022). Estimando a Potencialidade Hidrogeológica da Bacia Cárstica do Rio Vieira, Região Hidrográfica do Verde Grande, MG. Águas Subterrâneas, 36(2), e–30156. https://doi.org/10.14295/ras.v36i2.30156