ANÁLISE DA RECARGA E DA CONEXÃO HIDRÁULICA DO SISTEMA AQUÍFERO GRANULAR-FISSURAL NO CAMPUS PAMPULHA DA UFMG, BELO HORIZONTE, MG
Resumo
Nesse estudo foram analisadas a recarga e a conexão hidráulica entre os aquíferos granular e fissural do sistema aquífero do campus Pampulha da UFMG, em Belo Horizonte, Minas Gerais. Na área, o aquífero granular é livre, se sobrepõe ao fissural, e é constituído por aluviões, colúvios e solo residual, enquanto o aquífero fissural é livre a semiconfinado, representado por gnaisses, granitos e diques de diabásio do Complexo Belo Horizonte. A precipitação média é de 1.404,8 mm/ano incidente entre outubro e março. Duas etapas de trabalho foram executadas: a primeira envolveu o estudo da recarga aquífera e conexão hidráulica entre o meio granular e o meio fissural com dados de monitoramento manual, quinzenal, executado no projeto PROHBEN de 1997 a 2000, numa rede de poços profundos inativos (7) representantes do aquífero fissural e piezômetros (4) representantes do aquífero granular. Por meio de correlações estatísticas, foi estabelecida, a evidência de existência da conexão hidráulica, o grau de influência de fatores texturais do solo e pluviométricos sobre a recarga aquífera, bem como realizado o cálculo da recarga do aquífero granular. Os resultados nortearam a seleção de poços para o monitoramento automatizado e manual por 8,5 meses envolvendo completamente a estação chuvosa, de agosto/2012 a abril/2013, constituindo a segunda e mais importante etapa do estudo. Transdutores de pressão foram instalados em 3 piezômetros e 3 poços profundos inativos, com leituras a cada 15 minutos, e o monitoramento manual foi realizado semanalmente em 2 poços profundos e em 1 piezômetro. A caracterização da conexão hidráulica foi realizada estimando-se o tempo de resposta do nível d’água de cada aquífero à precipitação e o tempo gasto entre a recarga direta do meio granular e a recarga indireta deste ao meio fissural. Para isso foram empregadas técnicas de análise de funções de correlação cruzada. Os resultados mostraram que, no aquífero granular, a recarga se efetivou espacialmente entre 45 a 70 dias e no aquífero fissural entre 59 a 69 dias. O tempo de resposta à recarga do aquífero fissural a partir do granular foi de menos de um dia, corroborando a elevada conexão hidráulica entre ambos aquíferos. A recarga do aquífero granular foi calculada segundo a técnica de variação espacial do nível d’agua natural, com resultados de 264 a 390 mm, significando 28 a 41% da precipitação. Dentre os fatores que poderiam influenciar na recarga o mais influente foi a precipitação e o fator menos influente foi a profundidade do nível d’água. A influência do uso e ocupação do solo foi evidenciada pelos menores percentuais de recarga 264 mm (28% de precipitação) e 279 mm (29% de precipitação), obtidos nos piezômetros localizados em área com predomínio de vegetação arbórea, enquanto o maior valor de 390 mm (41% de precipitação) em piezômetro localizado em área com ocupação predominantemente gramínea. As variações do NA dentro do aquífero fissural permitiram uma avaliação preliminar de que, da água de recarga do aquífero granular (775.000 m3), cerca de 14% chegaria ao aquífero fissural (109.200 m3).