Elementos terras raras e urânio em águas subterrâneas sob influência de aquíferos distintos em Campinas (SP)
Resumo
A composição química de águas subterrâneas resulta, em parte, de reações água-rocha nos respectivos aquíferos. Dentre os vários constituintes das águas, os elementos terras raras (ETR) e urânio podem ser traçadores de processos geoquímicos e de fluxos hidrológicos. O principal objetivo deste trabalho foi procurar associações entre as assinaturas químicas de águas subterrâneas extraídas de três sistemas aquíferos distintos (cristalino, sedimentar e diabásio) e suas respectivas rochas hospedeiras. As amostras foram coletadas a partir de quatro poços tubulares do campus da Universidade Estadual de Campinas (Campinas, SP), nas quais foram determinados parâmetros físico-químicos, íons principais e elementos-traço, incluindo os ETR. Os resultados indicam que a água de dois poços (IMECC e IB) é predominantemente influenciada pelos aquíferos cristalino e diabásio, enquanto a dos outros dois (GM e FEF) pelo aquífero sedimentar. Os valores individuais e normalizados dos ETR nos quatro poços são distintos entre si, evidenciando a heterogeneidade da geologia local. A água de um poço (GM) apresentou concentrações de urânio superiores ao valor máximo permitido vigente para água potável. O U na água provavelmente resulta da dissolução oxidativa de fase(s) com U presente(s) no aquífero sedimentar. Entretanto, a modelagem hidroquímica indicou Ca2UO2(CO3)3 e CaUO2(CO3)22- como as principais espécies de U dissolvidas, as quais são consideradas não tóxicas e não biodisponíveis, conforme dados da literatura.